3. POESIAS COLEGIAIS
Ao Natalício do meu Diretor, o Ilmo. Sr. Dr. Abílio César Borges.
I
Grato sempre à mocidade,
Belo dia, hás de raiar;
Sempre ela muito contente
Mil flores te há de ofertar!
Sempre em ti se entregará
Ao prazer com expansão;
Mil cultos render-te-á
Nos altares d'afeição.
Pois em ti, sublime dia,
Do alto dos céus baixou
O anjo que à mocidade
Dos rigores libertou.
Baixou este grande homem,
Que tanto anima a instrução,
Estimulando co'amor
O infantil coração.
II
Nasceu hoje meu bom Diretor,
Para honra do grande Brasil,
Preparando na infância, que educa,
Para a pátria futuro gentil.
É por isso que o sol orgulhoso
Ergue a fronte soberba e brilhante;
É por isso que as flores exalam
Um perfume mais doce e fragrante.
É por isso que tão cristalinos
Os regatos se alongam ao mar,
E as aves co'as cores tão vivas
Brincam — ternas — voando no ar.
E os ventos tão meigos e frescos
Sussurrando as campinas percorrem.
E as abelhas em busca de mel
Às florinhas contentes já correm.
É por isso enfim que tão bela
A natura se ostenta no mundo;
É por isso que a infância já sente
Regozijos do peito no fundo.
III
Eia! cantemos cantemos!...
Com grinaldas coroemos
Neste belo e grande dia
Do natalício de amor
O nosso bom Diretor,
Que tão zeloso nos guia.
Bahia, Ginásio Baiano, 9 de setembro de 1860.
Poesias Colegiais, de Castro Alves.
2. QUAL LEÃO
Recitada pelo aluno Antônio de Castro Alves no Outeiro que teve lugar no Ginásio
Baiano a 3 de julho de 1861.
I
Qual leão encostado à dura rocha
Da grande serra, onde o senhor habita,
Vestido de áurea juba reluzente,
O débil caçador ao longe fita;
E grande e generosa que podia
De momento em seu sangue se banhar,
Deixa-o seguir com pena o seu destino
Sem seu poder e forças lhe mostrar:
Tal o Brasil sentado junto às margens
Do verde oceano que seus pés lhe beija,
E recostado sobre o alto Ande
Que além nos ares, pelo céu flameja.
Vestido desse manto lindo e belo
Que nunca o frio inverno desbotou;
Bordado dos diamantes, do ouro fino,
Das lindas flores com que Deus o ornou;
Viu chegar-se de Lísia a cruel gente
Batida pelos ventos e tufão,
Débeis de forças, débeis de esperança,
E apenas merecendo compaixão;
Deixa-os entrar nos bosques gigantescos;
Deixa-os gozar dos puros céus de anil;
Deixa-os fruir de todas as riquezas,
Que o mundo antigo inveja do Brasil.
II
Mas o gigante que amigo
Unira alegre consigo
O peregrino estrangeiro,
Em breve sentiu, raivoso,
Seu colo altivo, orgulhoso,
Sob triste cativeiro.
Sentiu em breve o grilhão
Da mais torpe servidão
Atar-lhe a fronte sob'rana;
Essa fronte majestosa
A quem coroa formosa
Dava a gente Americana!
Mas perdendo o sangue frio,
Recordando o antigo brio,
O seu antigo valor;
S'ergue súbito da terra
E exclama com voz que aterra
Ardente d'ira e furor:
"Lísia, que fostes o horror
Dos povos de outro equador
Com teu imenso poder;
Que com as tuas falanges
Às Índias, que banha o Ganges,
Fizeste humilde tremer;
"Sabe que a Índia de agora
Tem outra mais bela aurora;
São Índias, mas do Amazonas,
Sabe que eu sou o Brasil;
Tenho povo senhoril
Como não têm outras zonas.
"Se o índio, o negro africano,
E mesmo o perito Hispano
Tem sofrido servidão;
Ah! Não pode ser escravo
Quem nasceu no solo bravo
Da brasileira região!
E ei-lo já arrojante
De sangue imigo espumante
A destruir, a matar;
Busca de todos os lados
Os mandões que, amedrontados,
Caem na terra e no mar.
Uns Lusitanos já correm,
Outros aos golpes já morrem
Deste novo Adamastor;
Não podendo já mostrar
O seu valor militar
Tremem feridos de horror.
Em Pirajá, em Cabrito,
De Lísia já se ouve o grito,
Surdos gemidos de dor;
Já nem se lembram de glória,
Esquecem té a memória
Dos seus feitos de valor.
Uns acham vida fugindo,
Outros morrem, mas sentindo
Os pulsos do Brasileiro;
Então conhecem, medrosos,
Que para peitos briosos
É quimera o cativeiro.
Então soberbo o gigante
Com sua fronte brilhante
As suas armas deixou;
E levantando os troféus
Clama ousado para os céus:
— Lísia, sim, já livre sou —.
Castro Alves
3. A Boa Vista
Castro Alves
Sonha, poeta, sonha! Aqui sentado
No tosco assento da janela antiga,
Apóias sobre a mão a face pálida,
Sorrindo — dos amores à cantiga.
Álvares de Azevedo
Era uma tarde triste, mas límpida e suave...
Eu — pálido poeta — seguia triste e grave
A estrada, que conduz ao campo solitário,
Como um filho, que volta ao paternal sacrário,
E ao longe abandonando o múrmur da cidade
— Som vago, que gagueja em meio à imensidade, —
No drama do crepúsculo eu escutava atento
A surdina da tarde ao sol, que morre lento.
A poeira da estrada meu passo levantava,
Porém minh'alma ardente no céu azul marchava
E os astros sacudia no vôo violento
— Poeira, que dormia no chão do firmamento.
A pávida andorinha, que o vendaval fustiga,
Procura os coruchéus da catedral antiga.
Eu — andorinha entregue aos vendavais do inverno.
Ia seguindo triste p'ra o velho lar paterno.
Como a águia, que do ninho talhado no rochedo
Ergue o pescoço calvo por cima do fraguedo,
— (P'ra ver no céu a nuvem, que espuma o firmamento,
E o mar,-corcel que espuma ao látego do vento...
Longe o feudal castelo levanta a antiga torre,
Que aos raios do poente brilhante sol escorre!
Ei-lo soberbo e calmo o abutre de granito
Mergulhando o pescoço no seio do infinito,
E lá de cima olhando com seus clarões vermelhos
Os tetos, que a seus pés parecem de joelhos!...
Não! Minha velha torre! Oh! atalaia antiga,
Tu olhas esperando alguma face amiga,
E perguntas talvez ao vento, que em ti chora:
"Por que não volta mais o meu senhor d'outrora?
Por que não vem sentar-se no banco do terreiro
Ouvir das criancinhas o riso feiticeiro
E pensando no lar, na ciência, nos pobres
Abrigar nesta sombra seus pensamentos nobres?
Onde estão as crianças-grupo alegre e risonho
— Que escondiam-se atrás do cipreste tristonho...
Ou que enforcaram rindo um feio Pulchinello,
Enquanto a doce Mãe, que é toda amor, desvelo
Ralha com um rir divino o grupo folgazão,
Que vem correndo alegre beijar-lhe a branca mão?...~
É nisto que tu cismas, ó torre abandonada,
Vendo deserto o parque e solitária a estrada.
No entanto eu estrangeiro, que tu já não conheces—
No limiar de joelhos só tenho pranto e preces.
Oh! deixem-me chorar!... Meu lar... meu doce ninho!
Abre a vetusta grade ao filho teu mesquinho!
Passado— mar imenso!... inunda-me em fragrância!
Eu não quero lauréis, quero as rosas da infância.
Ai! Minha triste fronte, aonde as multidões
Lançaram misturadas glórias e maldições...
Acalenta em teu seio, ó solidão sagrada!
Deixa est'alma chorar em teu ombro encostada!
Meu lar está deserto... Um velho cão de guarda
Veio saltando a custo roçar-me a testa parda,
Lamber-me após os dedos, porém a sós consigo
Rusgando com o direito, que tem um velho amigo..
Como tudo mudou-se!... O jardim 'stá inculto
As roseiras morreram do vento ao rijo insulto...
A erva inunda a terra; o musgo trepa os muros
A ortiga silvestre enrola em nós impuros
Uma estátua caída, em cuja mão nevada
A aranha estende ao sol a teia delicada!...
Mergulho os pés nas plantas selvagens, espalmadas,
As borboletas fogem-me em lúcidas manadas...
E ouvindo-me as passadas tristonhas, taciturnas,
Os grilos, que cantavam, calaram-se nas furnas...
Oh! jardim solitário! Relíquia do passado!
Minh'alma, como tu. é um parque arruinado!
Morreram-me no seio as rosas em fragrância,
Veste o pesar os muros dos meus vergéis da infância,
A estátua do talento, que pura em mim s'erguia,
Jaz hoje — e nela a turba enlaça uma ironia!...
Ao menos como tu, lá d'alma num recanto
Da casta poesia ainda escuto o canto, —
Voz do céu, que consola, se o mundo nos insulta,
E na gruta do seio murmura um treno oculta.
Entremos!... Quantos ecos na vasta escadaria,
Nos longos corredores respondem-me à porfia!...
Oh! casa de meus pais!... A um crânio já vazio,
Que o hóspede largando deixou calado e frio,
Compara-te o estrangeiro, caminhando indiscreto
Nestes salões imensos, que abriga o vasto teto.
Mas eu no teu vazio — vejo uma multidão
Fala-me o teu silêncio — ouço-te a solidão!...
Povoam-se estas salas...
E eu vejo lentamente
No solo resvalarem falando tenuemente
Dest'alma e deste seio as sombras venerandas
Fantasmas adorados — visões sutis e brandas...
Aqui... além... mais longe... por onde eu movo
o passo,
Como aves, que espantadas arrojam-se ao espaço,
Saudades e lembranças s'erguendo — bando alado
— Roçam por mim as asas voando p'ra o passado.
Castro Alves
A Boa Vista
4. PARTIDA DO MEU MESTRE DO CORAÇÃO
O Exmo. Sr. D. Antônio de Macedo Costa, Bispo do Pará.
Oh! Que silêncio expressivo!
Que triste melancolia!
Tudo nos diz dores;
Tudo nos diz agonia!
Chora terno o caro mestre,
O discip'lo também chora;
Que todos sofrem agora!
Apenas ouço soluços
Arrancados dentre prantos!
Tristes ais, filhos da dor,
Partidos de peitos tantos!
Frases puras que bem dizem
O sofrer, as aflições,
Que pungem tais corações!...
Mas por que todos conjuntos,
Estais assim a chorar?
Que motivo vossas almas
Pôde assim sensibilizar?
Que motivo vossos peitos
Faz assim 'starem sofrendo;
Tantas dores padecendo?
Ai! É que a ausência penosa
Já pouco tarda a chegar!
É que impiedoso o destino
Dos olhos vai nos roubar
O mestre, o mestre querido,
Que nos sabia ensinar
A nosso Deus adorar!
Ai! É que dentro em breve
(Talvez p'ra sempre, oh! meu Deus!)
Não possamos mais ouvir
Os santos conselhos seus!
Ele tão bom nos guiava
A salvo por entre a lida
Desta tão custosa vida!
Chora, bem triste, Ginásio,
Derrama pranto sem fim!
Ah! Chora que isto consola
A quem sofre dor assim!.
Chora, que não mais verás
Unido alegre contigo
O teu mestre, o teu amigo!
Chora, chora, meu Ginásio.
Eis a hora de partir,
D'hora em diante saudades
Cruéis vos hão de ferir!
Que a nós juntos como agora
Não mais há de alumiar
Este sol, que vês brilhar.
A pátria nos tira o mestre
É — nos preciso ceder;
Mas nos não proíbe o pranto,
Nem no-lo pode tolher;
Que então seria matar
Fé de amigo os sentimentos
E aumentar-nos os tormentos!...
Ginásio Baiano, 14 de julho de 1861.
5. AO DIA SETE DE SETEMBRO
Mancebos, que sois a esperança
Do majestoso Brasil;
Mancebos, que inda tão tenros
Sabeis de louro gentil
Adornar o pátrio dia,
Nosso dia senhoril!
Eis que assomou sobre os montes
Além, sobre a antiga serra,
Entre mil nuvens de rosa,
O dia de nossa terra;
Aquele que para a Pátria
Milhões de glórias encerra.
Foi hoje que o Lusitano,
Que o filho de além do mar,
Despertou com forte brado
A Pátria que era a sonhar,
Que nem sequer escutava
A liberdade a expirar.
E o brado: — "Livres ou mortos"
Lá nos bosques retumbou;
E mais contente o Ipiranga
As suas águas rolou;
E o eco d'alta montanha
Todo o Brasil ecoou.
E as montanhas lá do Sul,
E as montanhas lá do Norte,
Repetiram em seus cumes:
Sempre ser livres ou morte...
E lá na luta renhida
Cada qual luta mais forte.
Sim, nos combates que, ousados,
Travaram cem contra mil,
O mancebo que nascera
Sob este azul céu de anil,
Forte como um Bonaparte,
Batia o forte fuzil.
E cada qual no combate
Ao ribombar do canhão
Queria à custa da vida
Dar à Pátria salvação,
Vingar a terra natal
D'aviltante servidão.
Eia, pois, flores da Pátria,
Esp'rançosa mocidade!
Que os Andradas e os Machados
Do alto da Eternidade
Contentes vos abençoam
No dia da Liberdade.
Bahia, Ginásio Baiano, 7 de setembro de 1861.
6. SONETOS
Aos anos do meu prezado diretor.
Mancebos! De mil louros triunfantes
Adornai o Moisés da mocidade,
O Anjo que nos guia da verdade
Pelos doces caminhos sempre ovantes.
Coroai de grinaldas verdejantes
Quem rompeu para a Pátria nova idade,
Guiando pelas leis sãs da amizade
Os moços do progresso sempre amantes.
Vê, Brasil, este filho que o teu nome
Sobre o mapa dos povos ilustrados
Descreve qual o forte de Vendôme.
Conhece que os Andradas e os Machados,
Que inda vivem nas asas do renome
Não morrem nestes céus abençoados;
...................
Mestre, Mestre querido, Pai de Amor,
As glórias que conquistas co'a razão,
Enchendo de prazer teu coração
T'atraem grandes bençãos do Senhor!
Os teus louros têm mais vivo fulgor,
Que os ganhos ao ribombo do canhão;
Que os de um Aníbal, d'um Napoleão,
Alcançados das mortes entre o horror.
Sim! Que os louros terríveis que Mavorte
Ao soldado concede em dura guerra,
Todos murcha a idéia só da morte!
Mas nos teus vero mérito se encerra,
Que não cede do tempo ao braço forte,
E alcançam justo prêmio além da terra!...
1861
PARTIDA DO MEU MESTRE DO CORAÇÃO
O Exmo. Sr. D. Antônio de Macedo Costa, Bispo do Pará.
Oh! Que silêncio expressivo!
Que triste melancolia!
Tudo nos diz dores;
Tudo nos diz agonia!
Chora terno o caro mestre,
O discip'lo também chora;
Que todos sofrem agora!
Apenas ouço soluços
Arrancados dentre prantos!
Tristes ais, filhos da dor,
Partidos de peitos tantos!
Frases puras que bem dizem
O sofrer, as aflições,
Que pungem tais corações!...
Mas por que todos conjuntos,
Estais assim a chorar?
Que motivo vossas almas
Pôde assim sensibilizar?
Que motivo vossos peitos
Faz assim 'starem sofrendo;
Tantas dores padecendo?
Ai! É que a ausência penosa
Já pouco tarda a chegar!
É que impiedoso o destino
Dos olhos vai nos roubar
O mestre, o mestre querido,
Que nos sabia ensinar
A nosso Deus adorar!
Ai! É que dentro em breve
(Talvez p'ra sempre, oh! meu Deus!)
Não possamos mais ouvir
Os santos conselhos seus!
Ele tão bom nos guiava
A salvo por entre a lida
Desta tão custosa vida!
Chora, bem triste, Ginásio,
Derrama pranto sem fim!
Ah! Chora que isto consola
A quem sofre dor assim!.
Chora, que não mais verás
Unido alegre contigo
O teu mestre, o teu amigo!
Chora, chora, meu Ginásio.
Eis a hora de partir,
D'hora em diante saudades
Cruéis vos hão de ferir!
Que a nós juntos como agora
Não mais há de alumiar
Este sol, que vês brilhar.
A pátria nos tira o mestre
É — nos preciso ceder;
Mas nos não proíbe o pranto,
Nem no-lo pode tolher;
Que então seria matar
Fé de amigo os sentimentos
E aumentar-nos os tormentos!...
Ginásio Baiano, 14 de julho de 1861.
Castro Alves
7 Adormecida
Castro Alves
Ses longs cheveux épars la couvrent tout entière
La croix de son collier repose dans sa main,
Comme pour témaigner qu'elle a fait sa prière.
Et qu'elle va la faire en s'éveiliant demain.
A. DE MUSSET
Uma noite eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.
'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte
Via-se a noite plácida e divina.
De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras
Iam na face trêmulos — beijá-la.
Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!
E o ramo ora chegava, ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio,
P'ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...
Eu, fitando esta cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
"Ó flor! — tu és a virgem das campinas!
"Virgem! tu és a flor da minha vida!..."
São Paulo, Novembro de 1868
Castro Alves
SONETOS
Castro Alves
Aos anos do meu prezado diretor.
Mancebos! De mil louros triunfantes
Adornai o Moisés da mocidade,
O Anjo que nos guia da verdade
Pelos doces caminhos sempre ovantes.
Coroai de grinaldas verdejantes
Quem rompeu para a Pátria nova idade,
Guiando pelas leis sãs da amizade
Os moços do progresso sempre amantes.
Vê, Brasil, este filho que o teu nome
Sobre o mapa dos povos ilustrados
Descreve qual o forte de Vendôme.
Conhece que os Andradas e os Machados,
Que inda vivem nas asas do renome
Não morrem nestes céus abençoados;
...................
Mestre, Mestre querido, Pai de Amor,
As glórias que conquistas co'a razão,
Enchendo de prazer teu coração
T'atraem grandes bençãos do Senhor!
Os teus louros têm mais vivo fulgor,
Que os ganhos ao ribombo do canhão;
Que os de um Aníbal, d'um Napoleão,
Alcançados das mortes entre o horror.
Sim! Que os louros terríveis que Mavorte
Ao soldado concede em dura guerra,
Todos murcha a idéia só da morte!
Mas nos teus vero mérito se encerra,
Que não cede do tempo ao braço forte,
E alcançam justo prêmio além da terra!...
1861
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