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7 Poemas de Euclides da Cunha | Literatura Brasileira

7 Poemas de Euclides da Cunha que você precisa conhecer | Literatura Brasileira

Euclides da Cunha reconhecido por seu trabalho, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1903.

1 - A FLOR DO CÁRCERE


Nascera ali _ no limo viridente
Dos muros da prisão _ como uma esmola
Da natureza a um coração que estiola _
Aquela flor imaculada e olente...

E 'ele' que fora um bruto, e vil descrente,
Quanta vez, numa prece, ungido, cola
O lábio seco, na úmida corola
Daquela flor alvíssima e silente!...

E _ ele _ que sofre e para a dor existe _
Quantas vezes no peito o pranto estanca!...
Quantas vezes na veia a febre acalma,

Fitando aquela flor tão pura e triste!...
_ Aquela estrela perfumada e branca,
Que cintila na noite de sua alma...

[1884?] 


*Publicado na "Revista da Família Acadêmica", número 1, Rio de Janeiro, novembro de
1887.

Euclides da Cunha. Escritor homenageado da 17º FLIP - Feira Literária de Paraty.

Fonte Portal Domínio Público


2 - Ondas, de Euclides da Cunha



ONDAS

Correi, rolai, correi _ ondas sonoras
Que à luz primeira, dum futuro incerto,
Erguestes-vos assim _ trêmulas, canoras,
Sobre o meu peito, um pélago deserto!
Correi... rolai _ que, audaz, por entre a treva
Do desânimo atroz _ enorme e densa _
Minh'alma um raio arroja e altiva eleva
Uma senda de luz que diz-se _ Crença!
Ide pois _ não importa que ilusória
Seja a esp'rança que em vós vejo fulgir...
_ Escalai o penhasco ásp'ro da Glória...
Rolai, rolai _ às plagas do Porvir!

[1883]



Fonte:
Domínio Público

3 - Eu quero, poema de Euclides da Cunha



EU QUERO


Eu quero à doce luz dos vespertinos pálidos
Lançar-me, apaixonado, entre as sombras das matas
_ Berços feitos de flor e de carvalhos cálidos
Onde a Poesia dorme, aos cantos das cascatas...

Eu quero aí viver _ o meu viver funéreo,
Eu quero aí chorar _ os tristes prantos meus...
E envolto o coração nas sombras do mistério,
Sentir minh'alma erguer-se entre a floresta de Deus!

Eu quero, da ingazeira erguida aos galhos úmidos,
Ouvir os cantos virgens da agreste patativa...
Da natureza eu quero, nos grandes seios túmidos,
Beber a Calma, o Bem, a Crença _ ardente a altiva.

Eu quero, eu quero ouvir o esbravejar das águas
Das asp'ras cachoeiras que irrompem do sertão...
E a minh'alma, cansada ao peso atroz das mágoas,
Silente adormecer no colo da so'idão...

[1883]



Euclides da Cunha. Escritor homenageado da 17º FLIP - Feira Literária de Paraty.

Fonte:
Domínio Público



4 - Dantão, poema de Euclides da Cunha


DANTÃO

Parece-me que o vejo iluminado.
Erguendo delirante a grande fronte
_ De um povo inteiro o fúlgido horizonte
Cheio de luz, de idéias constelado!

De seu crânio vulcão _ a rubra lava
Foi que gerou essa sublime aurora
_ Noventa e três _ e a levantou sonora
Na fronte audaz da populaça brava!

Olhando para a história _ um século e a lente
Que mostra-me o seu crânio resplandente
Do passado através o véu profundo...

Há muito que tombou, mas inquebrável
De sua voz o eco formidável
Estruge ainda na razão do mundo!

[1883]



Euclides da Cunha. Escritor homenageado da 17º FLIP - Feira Literária de Paraty.

Fonte


5 - TRISTEZA, poema de Euclides da Cunha


TRISTEZA


Ai! quanta vez _ pendida a fronte fria
_ Coberta cedo do cismar p'los rastros _
Deixo minh'alma, na asa da poesia,
Erguer-se ardente em divinal magia
À luminosa solidão dos astros!...

Infeliz mártir de fatais amores
Se ergue _ sublime _ em colossal anseio,
Do alto infinito aos siderais fulgores
E vai chorar de terra atroz as dores
Lá das estrelas no rosado seio!
............................................................................................
É nessa hora, companheiro, bela,
Que ela a tremer _ no seio da soedade
_ Fugindo à noite que a meu seio gela _
Bebe uma estrofe ardente em cada estrela,
Soluça em cada estrela uma saudade...
............................................................................................
É nessa hora, a deslizar, cansado,
Preso nas sombras de um presente escuro
E sem sequer um riso em lábio amado _
Que eu choro _ triste _ os risos do passado,
Que eu adivinho os prantos do futuro!...

[1883]



Euclides da Cunha. Escritor homenageado da 17º FLIP - Feira Literária de Paraty.

Fonte
Domínio Público



6 - STELLA, poema de Euclides da Cunha


STELLA


A Sebastião Alves

"Eu sou fraca e pequena..."
Tu me disseste um dia,
E em teu lábio sorria
Uma dor tão serena,

Que a tua doce pena
Em mim se refletia
_ Profundamente fria,
_ Amargamente amena!...

Mas essa mágoa, Stella,
De golpe tão profundo,
Faz tu por esquecê-la _
Das vastidões no fundo
_ É bem pequena a estrela _
No entanto _ a estrela é um mundo!...




Euclides da Cunha. Escritor homenageado da 17º FLIP - Feira Literária de Paraty.

Fonte
Portal Domínio Público


7 - Estâncias, poema de Euclides da Cunha


ESTÂNCIAS [Publicado em "Revista da Família Acadêmica", Rio de Janeiro, out. 1888.]
XII
Les beaux yeux sauvent les beaux vers!...
V. Hugo

Meu pobre coração tão cedo aniquilado
Na ardência das paixões _ ó pálida criança _
Revive à doce luz do teu olhar magoado

E cheio de ilusões, de crenças e esperança
Faz o castelo ideal das louras utopias
_ Com os brilhos desse olhar e o ouro de tua trança! _

*
Quando sobre as sombrias
Ondas _ vasto o luar esplêndido se espalma
De todo o seu negror, arranca as ardentias

De teus olhos assim à luz divina e calma
Dimanam _ cintilando _ as ilusões e os versos
Das sombras de minh'alma...

E sonho e canto e rio e me deslumbro... imersos
_ No místico luar que sobre mim derramas _
Fulguram como sóis meus ideais dispersos!...

Fulguram como sóis _ entre sonoras flamas
Partindo no meu peito a tétrica penumbra
E o silêncio fatal de dolorosos dramas...

E tudo hoje ante mim tem luz, tem voz _ deslumbra _
Pois _ tal como dos sóis a claridade instila
De cada um ideal _ uma canção ressumbra _
E em cada uma canção _ o teu olhar cintila...
[São Paulo, jan. 1888]

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Fonte
Domínio Público

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